Tendo os calçados a função de proteger os pés, é clara a exigência de qualidade e conforto em sua confecção. Portanto, a evolução calçadista fez do calçado muito além de um simples protetor, tornando este, um artefato de papel importante na estética e, principalmente, na distinção de classes sociais.
Através da ergonomia no design de calçado, é possível utilizar de forma correta, dados antropométricos, cujo artigo se propõe a informar estes dados através do estudo de medidas dos pés e sua escala de crescimento, sendo estes, aspectos fundamentais na fabricação de calçados verdadeiramente confortáveis.
Para tanto, foram designados alguns objetivos específicos: possibilitar a percepção de padrões ergonômicos e de conforto como fontes de criação de um diferencial no mercado da moda calçadista; mostrar a importância e cuidados a serem tomados na produção e compra de calçados realmente confortáveis; e, por fim, advertir quanto aos danos causados pelo uso inadequado do calçado.
Primeiramente, estudos são realizados e, em seguida, projeta-se o trabalho que o mesmo esteja habilitado a executar. Isso ocorre devido a dificuldade obtida em adaptar o homem ao trabalho, pois, caso isso ocorra, criar-se-iam máquinas de difícil operação, a ponto de sacrificar o operário. Conforme Iida (2005), os ergonomistas trabalham com características específicas da ergonomia, como:
- Ergonomia física: estuda a anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica;
- Ergonomia cognitiva: trabalha nos estudos dos processos mentais, tais como a percepção, memória, raciocínio e resposta motora;
- Ergonomia organizacional: compreende as estruturas organizacionais, políticas e processos com a finalidade de otimizar os sistemas sócio técnicos
Ele afirma que, apesar de todos os estudos antropométricos, ainda são numerosos os problemas ergonômicos dos calçados, podendo-se destacar:
- Inadequação do pé dentro do calçado;
- Inadequação do modelo (bico fino);
- Inadequação do material;
- Incompatibilidade com a função pela qual é destinado por puro modismo;
- Falta de numeração quebrada, como 37,5. Neste caso, o consumidor acaba optando por uma numeração maior, gerando folga no calçado;
- Pouca disponibilidade de calçados com numeração acima de 42
Calçados: Conforto e Ergonomia para os Pés
Composto por vinte e seis ossos, é dividido em três partes: o antepé, o meiopé e o retropé. Às quatorze falanges do ante pé compõem os cinco dedos do pé, sendo que cada dedo é composto por três falanges, exceto o hálux 4, que possui suas duas falanges maiores que as restantes dos quatro dedos. Assim como nas mãos, os pés possuem cinco ossos longos, os chamados metatarsos, que consistem em cabeça, corpo e base.
Apesar de não existir muito espaço no dorso do pé, podemos encontrar, nesta área, dois músculos intrínsecos: o extensor curto dos dedos e o extensor curto do hálux, cujos músculos ajudam na extensão de algumas articulações de todos os dedos dos pés. Segundo Behnke (2004), a estrutura das falanges do hálux dá-se por ser ele o principal responsável pela sustentação do peso do corpo.
O uso do salto altera a biomecânica do pé, já que o uso do mesmo sobrecarrega o antepé com grande parte do peso corporal. Esta sobrecarga leva a alterações nos joelhos, quadril e nas colunas cervical e lombar (TONI apud BERTI, 2001).
Segundo Bouer (1998), sapatos altos, apertados ou desconfortáveis podem resultar, com o tempo, em tendinites de repetição, pequenos tumores benignos e desgastes nas articulações dos pés e coluna. Os variados tipos e alturas de saltos acomodam os pés de maneiras diferentes. As plataformas, por exemplo, deixam o tornozelo mais estável, porém, elas também alteram o equilíbrio. As sapatilhas sem salto provocam um pequeno desequilíbrio, mas não vem a resultar em desconforto. Já os saltos com 2 centímetros, são considerados ideais, pois o peso do corpo é distribuído igualmente entre a parte de trás e da frente dos pés.
Referências:
BOUER, Jairo. Saltos perigosos. Folha de São Paulo. Cotidiano, 15/11/98, p.7.
BEHNKE, S. Robert. Anatomia do movimento. Porto Alegre: Artmed, 2004, p.267.
BERTI, Rosane. Saltos Chiques e Perigosos. Jornal de Santa Catarina. Revista do Santa, 21- 22/04/01, p. 10-11.